11.28.2008

pensamentos catatónicos (157)

Segundo a wikipédia uma explosão é um processo caracterizado por súbito aumento de volume e grande libertação de energia, geralmente acompanhado por altas temperaturas e produção de gases. Uma explosão provoca ondas de pressão ao redor do local onde ocorre.
O senso comum diz-nos que as explosões são súbitas e efémeras mas não é sempre assim. Uma garrafa de gá pode explodir num momento mas o Universo, por exemplo, está em crescimento a partir duma explosão inicial (Big Bang) ocorrida há 13,7 biliões de anos e uma semana (li isto dos 13,7 biliões de anos a semana passada).
Nas relações interpessoais as explosões também ocorrem do mesmo modo. Ou são efémeras e intensas ou são lentas e prolongam-se durante muito tempo. Acredito mesmo que há casais que vivem numa lenta explosão até à morte e, como no Sol, a explosão total é composta de diversas explosões internas e espaçadas.
Acho que este sempre foi um dos meus problemas com as mulheres. Não sou muito dado a explosões e ponho-me a milhas, às vezes duma forma cobarde. Sou uma espécie de soldado medricas que só está na guerra porque foi obrigado... e deserto.

mulheres com cuecas de homem



A jbs promoveu o seu produto na Noruega através duma série de cartazes em que mulheres vestiam roupa interior masculina, com a frase "os homens não gostam de olhar para mulheres nuas". Os cartazes foram proibidos pelas entidades oficiais daquele país.



Para além da roupa interior masculina, também os comportamentos eram, num contexto mediático, assumidamente de homens. Uma mulher a beber cerveja com um telecomando na mão, outra a ler na casa de banho ou outra a pôr cerveja nos cereais do pequeno-almoço.
A mensagem que a jbs tentou passar foi a de que, sem roupa interior feminina, a mulher perde parte da sua sensualidade.



Para além de eu achar que a mensagem falha, porque estas mulheres são sensuais mesmo com cuecas de homem, incomoda-me que se compare o comportamento de ler na casa de banho como o de beber cerveja logo de manhã ou passar o dia em frente ao televisor a mudar de canal. É que eu leio na casa de banho...

e se eu lhe oferecer só um copo?

1] É de noite e o Amor está com dúvidas se deve existir. Acabou de entrar abraçado a si mesmo e sentou-se quase ao meu lado, deixando apenas um banco vazio entre nós, no balcão onde bebo um uísque sem gelo. Ainda não foi atendido mas, porque já o vi pelo canto do olho, percebi que se quer enfrascar. Está ansioso. A mim apetece-me mudar de banco e enfrascar-me com ele, mas na verdade já não sei se sou eu que estou a beber uísque ou se é o uísque que me está a beber a mim.

2] Levanto o copo e vejo nele o meu reflexo. Certifico-me que eu, pelo menos, existo. Uma vez disse a mim mesmo que se o gajo se tornasse a sentar ao meu lado eu levantava-me e saía imediatamente, mas agora, que ele está ali, só me apetece oferecer-lhe um copo.

3] Ele não se lembra de mim mas eu lembro-me dele. Uma vez passámos uma noite inteira a beber e ficámos amigos. Eu disse-lhe que gostava dele porque com ele os dias maus acabavam bem. Bastava combinar com ele um café ao fim da noite e tudo melhorava. Ele concordou e abraçou-me enquanto me passava uma garrafa quase no fim, mas depois desapareceu e nunca mais voltou.

4] Tem uma grande lata, o gajo, para se sentar agora mesmo ao meu lado no balcão e nem sequer me cumprimentar. De certeza que está a fingir que não me conhece. Não é possível que não me conheça. E se eu lhe oferecer só um copo? A ver o que dá...

conversa 1089

(num bar)

Eu - O que é que tomas?
Ela - Um tango... e dispenso piadinhas estúpidas sobre ser mulher e beber cerveja com groselha.
Eu - Eu não disse nada.
Ela - Mas ias dizer...
Eu - Não ia nada.
Ela - Ias.
Eu - Eu estou-me nas tintas para o facto de beberes cerveja com groselha. Desde que não me obrigues a mim a beber essa mistela...
Ela - Vês? Mesmo assim disseste. Senta-te e vou eu pedir...

perdeu a carteira....

As mulheres são especialistas em ter carteiras cheias de coisas que nem elas sabem o que são. Mais ainda, são especialistas em perder essas carteiras nos momentos mais impróprios. A astronauta norte-americana Heidemarie Stefanyshyn entra para a História por ter sido a primeira pessoa a perder a carteira... no espaço.
No passado dia 18 de Novembro, Heidemarie perdeu a bolsa na qual transportava as suas ferramentas de trabalho durante uma operação de manutenção ao exterior da Estação Espacial Internacional (ISS). Agora a bolsa pode ser vista com qualquer telescópio médio a partir da Terra (o site spaceweather explica como).

conversa 1088

Eu - A tua mensagem surpreendeu-me.
Ela - Qual mensagem?
Eu - A que mandaste ontem: "Gosto muito de ti e tenho saudades tuas".
Ela - Mandei-a para ti?! Foda-se, por isso é que ele não me respondeu. Enganei-me.

conversa 1087

Ela - Os homens estão a ficar sem rabo.
Eu - Estão a ficar sem rabo?
Ela - Sim, não percebo o que se passa. Dá-me a impressão que andam todos a emagrecer no rabo não sei porquê. Um homem sem um bom rabo não vale nada.
Eu - Pronto... percebo a tua indignação. Costumas reparar muito nos rabos dos homens?
Ela - Vou para casas onde se joga bilhar porque é onde se repara melhor nos rabos dos homens, quando eles se esticam para jogar... e digo-te a sério: estamos a atravessar uma crise de rabos masculinos em Portugal.

sutiãs para homens

A wishroom é uma loja japonesa que vende sutiãs on line para mulheres e para... homens. Aquelas mulheres que têm a mania de atrapalhar os homens logo na primeira noite de sexo com o desafio: "vamos lá ver quanto tempo demoras a tirar-me o sutiã", e que ainda por cima usam os sutiãs mais complicados de abrir que encontram na loja, a partir de agora estão sujeitas ao mesmo. Pois é mulheres, amor com amor se paga...

11.27.2008

divorciou-se de duas mulheres em três minutos

Na Malásia, país onde os homens se podem divorciar por sms, um homem divorciou-se de duas mulheres em três minutos. Vê-se logo que na Malásia as mulheres são um osso duro de roer. Para um tipo se divorciar de duas ao mesmo tempo...

11.26.2008

conversa 1086

Ela - Achas que este vestido me fica bem?
Eu - Sim...
Ela - Não pareces convencido.
Eu - Pareço, pareço. Anda lá... daqui a bocado os bares fecham.
Ela - Vou só experimentar mais um...
Eu - Mas só vamos beber um cerveja e falar um bocadinho... para que raio é tanto cuidado a escolher o vestido?
Ela - Para isso mesmo: beber uma cerveja e falar um bocado...

conversa 1085

Ela - Ensina-me... diz-me qual é a melhor maneira de convidar um homem de quem gosto para ir ao cinema comigo...
Eu - Pergunta-lhe: "Queres ir ao cinema comigo?"
Ela - Só isso?
Eu - Não é só isso que queres?
Ela - Não, também gostava de jantar com ele antes, por exemplo.
Eu - Então pergunta-lhe: "Queres jantar comigo e depois ir ao cinema?"
Ela - Só isso?
Eu - Não é só isso que queres?
Ela - Não, também gostava de ir para a cama com ele. Depois...
Eu - Então pergunta-lhe: "Queres jantar comigo, depois ir ao cinema e depois ir beber um vinho a minha casa?"
Ela - Só isso?
Eu - Se ele aceitar isso, à partida estás com sorte.
Ela - E se ele não aceitar?
Eu - Se ele não aceitar convida-me a mim.
Ela - A ti convido-te só para ver um filme, pode ser? Mas depois tens que me aturar a desabafar por ele não ter ido comigo...
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

a verdade da mentira

Às vezes mentimos a um amigo sobre a nossa vida emocional. Dizemos que está tudo bem quando, na verdade, está tudo mal. Acredito que não estamos de facto a mentir a um amigo mas sim a nós mesmos. Se convencermos um amigo que está tudo bem connosco ficamos com a sensação de que está mesmo. Ainda que não por muito tempo.
Esta capacidade que temos de mentir a nós mesmos é importante para a nossa sobrevivência e bem estar. Permite-nos, por exemplo, prolongar um período de adaptação a uma eventual nova realidade. Permite-nos saborear melhor um café ou uma refeição num período menos bom da vida. Na verdade, acho que essa é uma das 'funções' mais importantes dos amigos: engolir as nossas mentiras mesmo quando não acreditam nelas.

santa apolónia

Ontem fui a Lisboa tratar de alguns assuntos. A linha azul do metropolitano teve um problema técnico qualquer e perdi o comboio em que era suposto regressar. Depois estive uma hora na estação de Santa Apolónia a escrever na mesa de um café. Gosto daquela estação e sinto sempre alguma nostalgia quando lá vou.
Alguns homens tristes e de vida extenuada circulavam entre mulheres bonitas e sós. Depois reparei que os homens eram, de uma forma ou de outra, residentes no espaço. As mulheres eram passageiras e iam desaparecendo à medida que os comboios partiam. Percebi a minha nostalgia. Aquela estação tem uma ligação óbvia à minha vida.

11.25.2008

eu não sou cúmplice

A UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta está, através deste blogue, a fazer um abaixo-assinado para homens que não sejam cúmplices da violência doméstica contra as mulheres. O objectivo é mobilizar as energias masculinas para esta batalha dos direitos humanos que está longe de estar ganha. A violência doméstica é uma forma de terror que não tem desculpa, e quem não é cúmplice não deve contornar a questão.
Eu podia pôr aqui o número crescente de vítimas desta forma cobarde de violência mas como havendo uma já é demais, não ponho. Eu não sou cúmplice e já assinei...

conversa 1084

Ela - Sabes do que é que eu precisava mesmo?
Eu - De quê?
Ela - Dum homem que me deixasse comer chocolates todos os dias e nunca me chamasse gorda.
Eu - Ah!...
Ela - Ah?! Não dizes mais nada?
Eu - Digo, digo... acho que vais encontrar um homem assim... um dia destes... por aí. De certeza que há alguns...
Ela - Pronto, já percebi. Estou lixada.

conversa 1083

Ela - Não fizeste árvore de natal?
Eu - Não. Este ano ainda não.
Ela - E não vais fazer?
Eu - Acho que não.
Ela -Porquê?
Eu - Não me apetece.
Ela - Homens... pensas que só porque não te apetece tens o direito de privar a tua filha duma árvore de Natal? Vou comprar uma e trazer-te aqui.
Eu - Agradeço-te mas não faças isso. Eu tinha uma e dei-a.
Ela - Anda lá, para a tua filha. Uma pequenina...
Eu - A sério que não quero.
Ela - Diz-me só até que tamanho é que posso comprar uma. Eu ofereço-te...
Eu - Quinze centímetros...
Ela - E com uma árvore dessas onde é que pões as prendas?
Eu - Não vou comprar prendas de Natal...
Ela - Sabia que às vezes não tens piadinha nenhuma?

conversa 1082

Ela - Acho que o meu marido tem uma amante. Sabes alguma coisa?
Eu - Não, mas também não acho justo perguntares-me isso assim...
Ela - Porquê?
Eu - Se eu soubesse de alguma coisa não tinha nada que te contar. Isso era entre vocês.
Ela - Estás a ver? Tu sabes e não me queres contar.
Eu - Não sei nada.
Ela - Eu acho que me estás a mentir. Olho para ti e vejo que me estás a mentir. Diz-me...
Eu - A sério que não sei... mas porque é que tu achas que ele tem uma amante?
Ela - Ele só trocava de cuecas uma vez por semana. Agora troca quase todos os dias. Eu sei porque sou eu que as lavo...
Eu - Não percebi... aliás, nem sei se quero perceber.
Ela - Se ele de repente começou a trocar de cuecas todos os dias por alguma coisa foi. E por mim não foi de certeza que eu nunca o chateei com isso.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

pensamentos catatónicos (156)

O amor zangava-me. Era um adolescente tímido, por isso ficava a vê-la a alguns metros de distância tentando que os nossos olhares nunca se cruzassem. Quando cruzavam sentia-me cair naquela negritude sem fundo. Lembro de sentir uma espécie de ciúmes do Sol que lhe brilhava nos cabelos e, quando estes abanavam um pouco, ciúmes também do vento que lhe vinha contar segredos.
Estávamos em 1986/87. Acho que as paixões de adolescente são as mais fortes das nossas vidas e que nunca mais voltamos a zangarmo-nos assim com o amor. Eu, pelo menos, nunca mais voltei.

Burkiiiiiiiiiina

A selecção de Burkina Fasso continua a dar passos de gigante no apuramento para o Mundial de futebol na África do Sul em 2010. No mês passado foi vencer o Burundi, em Bujumbura, por 1-3. Em seis jogos conta com cinco vitórias e um empate, mantendo-se à frente do seu grupo de qualificação. O futebol ainda me dá alegrias!

11.24.2008

conversa 1081

(num café, entre um casal que estava ao meu lado)

Ela - Ao menos podias fazer a cama de vez em quando.
Ele - Para quê? Logo à noite não nos vamos deitar outra vez?
Ela - Vamos... mas então faz alguma coisa. Lava a loiça, aspira...
Ele - Lavar a loiça é contigo, fazer a cama é comigo.
Ela - Mas tu não fazes a cama.
Ele - Porque não é preciso. Não nos deitamos nela todas as noites?
Ela - Tu vais é começar a dormir no sofá.

conversa 1080

Ela - Vai-me fazer um chá.
Eu - Vou-te fazer um chá por...
Ela - Porque me apetece beber um chá.
Eu - E não se diz mais nada?
Ela - Sim. Um chá verde.
Eu - Por... por favor, não é?
Ela - Não precisas de pedir por favor. Tu é que o vais fazer.

hipopotomonstrosesquipedaliofobia



A hipopotomonstrosesquipedaliofobia é uma doença do foro psicológico que se caracteriza pelo medo de pronunciar palavras grandes ou complexas. É exactamente o mesmo medo que se pode ter no amor: a grandeza e a complexidade.
Às vezes penso que esse medo se deve à nossa (in)capacidade de ver primeiro o que é mais pequeno, como nesta macrofotografia (www.worldwidephotos.org) em que podem ser vistas algumas gotas de água como nunca poderiam a olho nu.
Podemos facilmente perceber grandes coisas numa mulher (ou num homem, claro): que é bonita, que tem uma voz sensual, que tem mais de dois neurónios a trabalhar ou que é sexualmente apetecível. No entanto, é preciso tirarmos uma macrofotografia que nos permita perceber as suas pequenas coisas: movimentos, sorrisos, cheiros, zangas... enfim, you know what I mean. Sem essa macrofotografia, a hipopotomonstrosesquipedaliofobia pode revelar grandes coisas de que não gostamos.
O que é maior não é sempre mais importante do que o que é pequeno...

11.23.2008

as árvores

As árvores sabem que ele decidiu morrer atirando-se ao mar, e que mesmo assim ao amanhecer tomou café com açúcar. Sabem que ele apertou os atacadores dos sapatos várias vezes até sentir que os mesmos estavam bem. Nem demasiado apertados nem demasiado largos. E que ontem, antes de se deitar, agrafou as contas pagas aos respectivos talões do multibanco. Arrumou-os todos por ordem, depois, numa das gavetas da cozinha. Sabem que lavou a loiça antes de sair.
As árvores estenderam até à praia um tapete vermelho e outonal e ele percorreu-o devagar, fascinado pela luz que se alongava ao horizonte. Depois viram-no desviar-se dum automóvel que não respeitou uma passadeira para peões, antes de esperar junto à linha que um comboio passasse. As árvores sabem que o fez para não morrer, antes de se matar.

[escrito em junho de 2005]

amor com banda sonora

O duo Amadou e Mariam é provavelmente o projecto mais conhecido do mundo dentro daquilo a que normalmente se chama (mal, a meu ver) world music, mas o projecto não é só música. A música, aliás, serviu para os unir numa história de amor com banda sonora. Ambos cegos de nascença, conheceram-se no Insituto do Mali para Jovens Cegos e, desde 1980 começaram a cantar juntos. Gravaram o primeiro disco em 1999 mas a sua consagração a nível mundial deu-se em 2005, com o álbum Dimache à Bamako, com a participação e produção do Manu Chao. Agora acabaram de lançar mais um disco, Welcome to Mali, e parece que não sabem fazer música má. Ouçam só isto... Eu cá gosto mesmo muito.

conversa 1079

Ela - Tenho andado a aprender a fazer bebidas afrodisíacas.
Eu - Ena, isso parece interessante.
Ela - Bem, como vivo sozinha não é assim tão interessante.
Eu - Podes convidar amigos e fazer uma festa lá em casa...
Ela - Estava a pensar convidar um amigo de cada vez. A ti também... na terceira ou quarta vez.
Eu - Sinto-me lisonjeado.
Ela - E deves. Estás entre os primeiros dez.

conversa 1078

Ela - Sempre que vou no elevador com um homem imagino que ficamos presos durante horas...
Eu - E?
Ela - E depois ficamos os dois presos muito tempo...
Eu - E o que é fazem enquanto estão presos?
Ela - És burro ou estás só a fingir?

conversa 1077

Eu - Eu vou contigo até ao carro...
Ela - Não vais não. Já te disse que detesto essas coisas.
Eu - Que coisas?
Ela - Que me levem ao carro. Não preciso disso. Posso ir muito bem sozinha.
Eu - Não é uma questão de precisares, é uma questão de teres companhia...
Ela - Não preciso da tua companhia só para ir até ao carro.

11.22.2008

vagina acariciada

Depois de ver este anúncio publicado num jornal britânico podemos perguntar o que é que uma mulher com uma taça de champanhe tem a ver com o serviço anunciado, já que se trata de uma empresa que reveste o chão das casas. à primeira vista nada.

O que acontece é que esta imagem não foi feita exclusivamente para este anúncio. É uma imagem com uma mensagem subliminar sexual muito forte. Se não acreditam, virem-na de pernas para o ar e concentrem-se na segunda imagem:

A mesma mulher que numa posição está a beber champanhe, noutra posição está a acariciar os lábios vaginais. Encontrei este desenho impresso numa carteira de fósforos onde creio que resulta melhor, porque andando a mesma no bolso acaba por ser contemplada de ângulos diferentes. E pronto, quando quiserem mudar o chão do vosso apartamento já sabem quem contratar...

11.21.2008

conversa 1076

Ela - À mesa não se discute política nem religião nem futebol.
Eu - E porquê?
Ela - Porque são campos em que raramente as pessoas estão de acordo.
Eu - Então para ti só se discute com outro quando se está de acordo com ele...
Ela - É uma forma de ver as coisas.
Eu - O Salazar, o Mussolini, o Estaline e o Hiltler concordariam contigo...
Ela - Estás a ver?

à mesa

Hoje almocei com uma mulher que conheci há pouco tempo através deste blogue. Disse-me que à mesa não se discute política, religião ou futebol. Concordo na parte do futebol. Só. Este tem sido só um dos meus problemas com algumas mulheres que conheço: sentir-me um extra-terrestre quando falo de política. Na verdade, tem sido um problema com mulheres e com homens. A despolitização da sociedade civil é um processo consciente do poder político. Só assim é que é possível continuar uma forma permanente de roubo legitimada por um voto, ou até por um não voto.
Na próxima segunda-feira, dia 24 às 21:30, discussão política aberta a todos com chá e bolinhos à mesa da sede de Aveiro do Bloco de Esquerda. Desde as novas oportunidades de negócio em tempo de crise às novas formas de (des)organização laboral. Apareçam e tragam um amigo, ou melhor, uma amiga.
Se quiseres aparecer ou mais informação, contacta-me por email: bagacoamarelo@gmail.com

conversa 1075

Ela - Acho que vou tirar a carta...
Eu - Fazes bem.
Ela - Até me apetece começar a conduzir. Às vezes, quando ando à boleia do meu pai, irrita-me ele não apitar a ninguém que se mete à nossa frente sem mais nem menos.
Eu - Afinal enganei-me. Fazes mal. Não tires a carta.

amor para além das medidas




O Colégio Cristão de Manhattan organizou em Fevereiro deste ano um ciclo de conferências dedicadas à mulher, intituladas Amor Para Além das Medidas. Os cartazes e flyers da iniciativa tinham... um carrinho de linhas e uma taça de cozinha. Parece-me que a ideia que este colégio tem das mulheres é que elas servem para coser e cozinhar. Eu cá acho que se esqueceram de fazer um cartaz com uma tábua de passar a ferro e outro com um aspirador. Estes cristãos...

duas perguntas...

1] Porque é que Portugal ter perdido 6-2 com o Brasil em futebol parece ser uma tragédia nacional?
2] Porque é que o nosso pseudo-ministro das Finanças ser, segundo o Financial Times, o pior ministro das Finanças Europeu, não preocupa ninguém?

conversa 1074

(no café)

Ela (para o empregado) - Uma cerveja...
Eu - Eu também, por favor.
Ela - É só uma. Eu estava a pedir para ele. Eu não quero nada.
Eu - Estavas a pedir uma cerveja para mim? E se eu quisesse outra coisa?
Ela - Problema teu. A mim apetece-me que bebas uma cerveja.

mulheres de sonho

O problema das mulheres de sonho é elas tornarem-se realidade.
Yuri Orlov (Nicolas Cage) em "O Senhor da Guerra"

como ser mauzinho depois de ter levado uma seca tremenda duma Tia destas...

Não são Tias mesmo mas sempre o sonharam ser. Normalmente têm mais de quarenta anos e viveram a vida inteira na sombra dum marido com mais dinheiro do que neurónios, tipo um empresário das pescas da zona de Aveiro ou doutra coisa qualquer do Vale do Ave. Passaram a melhor fase da vida delas a fazer tricô e a pintarem-se no espelho interior dum Mercedes enquanto o gajo via um jogo de futebol da distrital, por causa dum clube de que sonhava vir a ser presidente. Agora estão na fase em que o único interesse que tinham, que era o sexual, já não é comparável com o das ucranianas que trabalham na boite lá da terra, por isso gastam o tempo a tentar chatear os outros de forma... hum... discreta.

1] a mulher que acha que o multibanco é um jogo de estratégia

É a mulher que tem pelo menos cinco cartões multibanco mas tem apenas dinheiro numa das contas. Tenta levantar dinheiro com todos antes de acertar no único que tem saldo. E bingo, quando nós pensamos que ela finalmente se vai embora, decide ver os movimentos de todos os cartões de novo. No fim ainda carrega o telemóvel dela e o do filho mas precisa de cinco tentativas para o fazer....

2] a mulher que acha que a menina da caixa do supermercado é assistente social
É a mulher que só começa a colocar os produtos no tapete rolante quando o cliente anterior já pagou e se foi embora. Fá-lo sempre muito lentamente e no fim repara que se esqueceu duma coisa qualquer que por acaso está na outra ponta da loja. Depois de meia hora à espera despeja um porta-moedas cheio de moedas e pede à menina do supermercado para contar a ver se chega. Nunca chega. Faltam sempre cinco ou seis cêntimos e por isso tenta pagar com um cartão de cujo código não se lembra. Por fim pega no telemóvel e telefona ao marido que está a ler o jornal no café para a vir ajudar.

3] a mulher que acha que o neto dela é melhor do que todos os outros netos no mundo inteiro
É a mulher que adora falar do neto e por isso não temos hipótese de falar de qualquer outro assunto com ela. Quando dizemos que o nosso filho tem um metro e trinta e oito ela responde que o dela tem um metro e trinta e nove, quando dizemos que o nosso é bom na escola ela responde que o dela é muito bom, quando dizemos que o nosso já conta até dez ela responde que o dela conta até onze, quando dizemos que o nosso diz umas palavrinhas em inglês ela responde que o dela já fala latim e grego clássico.

4] a mulher que acha que as escadas rolantes são um treino militar
É a mulher que trava antes de entrar numa escada rolante e demora trinta segundos a colocar o primeiro pé num degrau. Depois abana e segura-se a ambos os corrimões não deixando ninguém passar. Para sair também é um martírio. Desce pelo menos três degraus, criando alta confusão atrás dela, antes de conseguir pisar de novo terra firme.

5] a mulher que é capaz de transformar um café expresso numa coisa mais complexa do que o livro do Umberto Eco: O Pêndulo de Foucault.
É a mulher que nunca se limita a pedir simplesmente um café. Para além de querer a chávena escaldada quer sempre o café curto ou longo, mas nunca chega a um acordo fácil sobre o que é curto ou longo, pedindo à empregada para ajustar a medida. Além disso usa sempre adoçante mas só o pede quando já lhe colocaram açúcar na mesa. Depois mexe o café pelo menos cento e cinquenta vezes antes de o beber e enche a chávena com marcas de batom vermelho.

11.20.2008

extra! extra! nas bancas o fabuloso livro deste blogue...

E pronto, durante os próximos dias vai começar a ser distribuído pelas principais livrarias deste país o fabuloso livro, baseado neste blogue, Não Compreendo As Mulheres. Dentro de dias colocarei aqui a lista de todos os sítios onde o mesmo estará disponível.

Eu estou ansioso. Vou colocá-lo na mesma prateleira onde tenho a minha caderneta de cromos do "ET o Extra-Terrestre" que fiz quando era pequenino. Não sei porquê mas acho que há uma ligação entre ambos...

Aqui fica a minha biografia, impressa na capa do livro, e que vai destruir para sempre a minha vida amorosa:

Aos dezasseis anos foi abandonado pela primeira namorada, que o trocou ainda por cima pelo seu pior inimigo da adolescência, o qual ainda teve a lata de o convidar para o casamento de ambos.
Dois anos passados, uma segunda namorada deixou-o durante umas férias no Litoral Alentejano, após uma discussão por causa dele se ter esquecido do creme solar em casa.
Aos vinte, após ganhar a alcunha de Bagaço Amarelo graças a uma noite em que acabou com o stock de bagaço da casa do pai de uma amiga, lá encontrou uma mulher que pensou conseguir compreender. Enganou-se mais uma vez redondamente, e ela acabou por deixá-lo quinze anos mais tarde graças a uma salada da sua lavra, em que ela encontrou uma folha de alface mal lavada.
Durante o período de incompreensão e perplexidade que se seguiu a estes pouco gloriosos episódios, fez vários filmes e editou um livro de prosa poética. O auge da sua criatividade surgiu porém com o blogue não compreendo as mulheres que está na origem deste livro.

conversa 1073

Ela - Quando é que podes vir aqui a casa reinstalar-me o computador?
Eu - A questão não é quando é que eu posso. A questão é se me apetece...
Ela - Andas muito escorregadio, tu. Demasiado escorregadio para o meu gosto...

conversa 1072

Ela - Não tornes a fazer isso.
Eu - O quê?
Ela - Matar moscas com palmadas no ar.
Eu - Porquê? Elas estão atacar o meu almoço...
Ela - Não me interessa. Irrita-me, isso...
Eu - Só mais uma.
Ela - Se matas mais uma mosca levanto-me, vou-me embora e nunca mais te quero ver.

ornithorhynchus anatinus

ornithorhynchus anatinus é o nome científico do ornitorrinco. O ornitorrinco é um mamífero, anfíbio de água doce, que põe ovos. O índice ivariano sobe para 14, isto porque 14 é uma boa média...

devagar

Uma bola passou à frente do meu carro, batendo três vezes no incerto paralelo que atapetava a rua. Travei a fundo e vi a frente do automóvel aproximar-se inevitavelmente duma criança que surgiu atrás dela. Bati-lhe. Puxei o travão de mão e saí do carro enquanto repetia para mim mesmo a palavra não. Não, não, não, não. Ajoelhei-me perante um corpo estendido no chão que soluçava, enquanto lá atrás os condutores impacientes buzinavam. Não liguei. O mundo inteiro podia buzinar que eu não ia ligar. O meu corpo suava mas não era suor. Era uma espécie de ódio ao mundo e a mim mesmo. Algumas pessoas aproximaram-se. Um homem tocou-me no ombro e disse-me que era médico. Que estava tudo bem, disse-me algum tempo depois. Ganhei uma alma nova, e acreditem que é mesmo ganhar uma alma nova. Pus o puto no carro, com uma vontade de lhe bater e de o abraçar ao mesmo tempo. Levei-o a casa dos pais e falei com eles. Dei-lhes o meu contacto para o caso de ser preciso. Acreditem que eu ando devagar. Se eu tivesse a mania de conduzir depressa ontem tinha matado uma criança. A conduzir, como na vida, andem devagar.

11.18.2008

a vida sexual da Manuela Ferreira Leite

Às vezes não sei se a Manuela Ferreira Leite está a falar do país ou da sua vida sexual, mas deve ser da sua vida sexual, porque uma mulher que é líder do Partido Social Democrata não pode ser fascizóide ao ponto de achar que a democracia é um entrave à ordem. Se estiver a falar da sua vida sexual sim, aí pode acabar com a democracia por seis meses e meter quem quiser na ordem, mesmo que seja com algemas, um fato de cabedal e um chicote. Claro que sempre com fins reprodutivos e sem ucranianos nem cabo-verdianos... lol

vazios

Acho que às vezes caminhamos na rua fingindo ter um destino que, de facto, não temos. Percorremos a cidade em passo apressado como se alguém estivesse à nossa espera. É a necessidade de afirmarmos perante os outros que não andamos à deriva. Depois, quando já estamos cansados, entramos num café qualquer e tomamos qualquer coisa que nem nos apetece. Só o fazemos para preencher um vazio que não sabemos como ocupar.
Acho que às vezes o amor também é isso: a ocupação dum vazio cansado depois de andarmos à deriva algum tempo. Não é mal nenhum e não é grave, mas é uma vantagem aprendermos a ocupar os nossos vazios de acordo com a nossa condição. Por exemplo, há vazios em que devemos primeiro limpar os pés e pedir com licença antes de entrar. Há outros em que podemos entrar, tirar os sapatos e atirarmo-nos indecentemente para o sofá da sala. Os nossos vazios não sempre iguais...

conversa 1071

(ao telefone)

Ela - Preciso falar contigo urgentemente.
Eu - Diz...
Ela - Tem que ser cara a cara. Vem ter comigo ao Ramona.
Eu - Ainda estava a dormir. Agora não me apetece nada estar com correrias.
Ela - É urgente.
Eu - Não me assustes. O que é que se passa?
Ela - Já te conto.
Eu - Mas diz-me só o que é que se passa.
Ela - Euh... hum... não me lembro agora... mas vem. Até chegares aqui eu lembro-me.

conversa 1070

Ela - Há muito tempo que não me aparece um homem interessante à frente. Acreditas?
Eu - Ainda bem que não estou à tua frente. Estou do teu lado esquerdo.
Ela - Se estivesses à minha frente nada mudava.

conversa 1069

Ela - Ontem telefonei-te e tinhas o telefone desligado.
Eu - Sim, eu vi. Estava num concerto no Porto.
Ela - Um concerto numa segunda-feira?
Eu - Sim... no Passos Manuel. Jane Hunter e Beach House. Eu nem conhecia...
Ela - Acho que estás a mentir. Ainda vou confirmar que houve mesmo um concerto no Porto numa segunda-feira à noite.
Eu - Estás a brincar comigo, de certeza.
Ela - Não estou não.

quando já estiver escuro

Logo à noite, noite mesmo (quando já estiver escuro), quem passar no melhor bar do mundo pode ouvir mais uma vez um set dos Couscous Prosjekt.

11.17.2008

dou e dou e dou

Ninguém se lembra do Teixeirinha, um músico gaúcho brasileiro, uma espécie de trovador dos tempos modernos que dominou a cena nos anos sessenta e setenta. Morreu em 1985. O Teixeirinha vivia naquele princípio brasileiro que admiro, de que a felicidade é o mais importante, e apesar de ter tido uma vida extremamente difícil (perdeu o pai aos sete anos e a mãe aos nove) emanava sempre boa disposição. Sempre achei que isso se devia à forma ingénua(?) como via as mulheres. Esta música "dou e dou", que vem na sequência duma outra chamada "não e não", é um exemplo disso. Eu ouço-a com alguma nostalgia dum tempo que não vivi...



Depois de dizer tanto não e não, a Mariazinha já acostumou. Agora quando eu peço um beijinho ela diz: dou e dou e dou.
Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou. Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou.
Agora sim sai o casamento, mandei fazer p'ra nós uma casinha mas antes de nós entrar p'ra dentro, me dá um beijinho Mariazinha!
Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou. Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou.
Você dá mesmo um beijinho? Dooooouu...
E você também dá? Dooooouu...
Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou. Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou.
Quando estou junto da Mariazinha, nós dois trocamos beijinhos sem fim. Agora em vez de eu pedir p'ra ela, então é ela que pede p'ra mim.
Teixeirinha, dá um beijinho p'ra mamãe aqui, dá? Dou meu amor, é claro que o papai dá.
Dá? Doooou
Dá mesmo?
Então...
Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou. Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou.
Você também dá um beijinho, hein?
Dou, nem precisa pedir...
Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou. Dou e dou e dou. E dou e dou e dou e dou.

conversa 1068

Ela - Quando é que vocês fazem anos?
Eu - Eu faço anos num dia e ela noutro.
Ela - Não é isso. Quando é que vocês fazem anos de casados?
Eu - Não fazemos. Já não estamos casados.
Ela - Sim, mas eu e o meu ex continuamos a fazer um jantar todos os anos no dia do nosso casamento.
Eu - Ah! Eu faço no dia do divórcio.
Ela - Mas isso é muito mau. Parece que estão a celebrar o fim.
Eu - Não... estamos a celebrar a mudança.
Ela - Prefiro fazer no dia do casamento.
Eu - Mas tu és divorciada...
Ela - Sim, mas pelo menos no dia em que faço esse jantar com ele, sei que a nova namorada dele fica roída de ciúmes. No dia em que começar a namorar nem sequer janto mais com ele...

aguentar

Propus-lhe tomarmos um café numa esplanada na praia. Não a via há anos e, por isso, tê-la encontrado e reconhecido no meio dum hipermercado apinhado de gente tinha sido o meu milagre do dia. A diferença é que eu ia comprar uma garrafa de vinho e algumas cebolas, ela ia fazer as compras para a semana. Tudo bem, disse-lhe que esperava por ela na praça da alimentação e ia lendo o jornal.
Estive a ler o jornal uma hora. Ela chegou com um carrinho de compras tão cheio que me pareceu mais serem compras para um ano do que para uma semana. Que tinha ali congelados, disse-me depois, e que por isso não dava para ir à praia. Estava com alguma pressa mas que podíamos tomar o café logo ali. Olhei para os quatro monitores à minha volta a passar um jogo de futebol qualquer da liga inglesa e não achei o sítio indicado para falar com uma ex-quase namorada depois de anos sem a ver, mas tudo bem. Antes isso do que nada.
Ela sentou-se e reconheci imediatamente o movimento. Levantou a cadeira para não fazer barulho e sentou-se com a mesma brandura dum pássaro que pousa num ramo de árvore. Só não lhe reconheci o olhar, ou melhor, reconheci-o mas não lhe encontrei o brilho de outrora, o que percebi imediatamente quando, na conversa obrigatória entre duas pessoas que não se vêem há muito tempo, lhe disse que estava divorciado e ela me respondeu que estava casada. Deitou o açúcar na espuma do café como se fosse ela mesma a precisar de adoçante e as palavras arrastaram-se do interior da sua boca morrendo-lhe praticamente nos lábios: "enquanto aguentar continuo casada".
Como é que se explica a uma mulher que nos é querida que em cinco minutos percebemos que a vida dela devia mudar? Pois é.... não se explica. Nem me senti nesse direito. Nunca gostei do verbo aguentar. Sem esforço, disse-lhe que estava ainda mais bonita do que na nossa altura, e as palavras "nossa altura" ficaram retidas entre nós. Houve uma altura nossa, ainda que efémera, mas já passou. Há demasiadas pessoas a aguentar...

conversa 1067

Eu - Então? Como é que vai isso?
Ele - Para te ser sincero estou na merda.
Eu - Então?
Ele - A ****** agora diz que já não sente por mim o que sentia.
Eu - Ah! Epá, não fiques na merda por causa disso. Na nossa idade já não podemos ficar na merda por causa disso.
Ele - Pois, eu sei, mas nós estávamos mesmo numa boa. Na quarta-feira ela mudou-se para minha casa e na quinta-feira começou com esta conversa de que já não gosta de mim.
Eu - Ah! Queres beber um copo?
Ele - Não... Já bebi demais anteontem e ontem...

sexo de velhinhas acima de 80 anos

Pronto, para começar bem esta semana de trabalho, estas são mais algumas buscas que vieram aqui dar...

mulheres que procuram homens para sexo sem pagar em coimbra para o dia de hoje

Bem... este para além de acreditar no Pai Natal é forreta. Forreta por forreta talvez tenha mais sorte na Rádio Popular do que em Coimbra...

não tenho sorte com mulheres
Deixa lá... eu também não. Isto se calhar nem é uma questão de sorte. É mesmo falta de jeito.

oque fazer para as mulheres ficar mais ecitadas
O quê?

porque este homem nao me deixa , mas tambem nao faz amor comigo?
Não sei porquê mas isso é normal. Talvez se lhe disseres directamente "epá, tu não fodes nem sais de cima" ele perceba...

saites de velhas a fuder
Para além dos erros ortográficos não se deve chamar velhas. É uma falta de respeito

senhoras de idade fodendo
Ah! Assim sim. Senhoras e não velhas.

sexo de velhinhas acima de 80 anos
Pronto, velhinhas também pode ser. É querido. Mas era desnecessário porque acima dos oitenta anos raramente se encontra pessoal jovem.

como responder a uma mulher que nao quer conversa?
Não é preciso saber. Se ela não quer conversa, à partida não vai perguntar nada.

dedo no cu do lutador
Epá. Atenção que eu não sou lutador.

dá para comparar o tamanho do penis com os dedos da mão?
Dá. Claro que dá. É só pôr o dedo ao lado do pénis e ver qual é maior e mais pequeno.

11.16.2008

conversa 1066

Ela - Queria pedir-te uma coisa.
Eu - Diz.
Ela - Arranja-me aquela música dos Perfume e do Rui Veloso que passa na rádio.
Eu - Ah! Ok... eu tenho o álbum... gravo-te já.
Ela - Tens?
Eu - Tenho. Baixei-o da net.
Ela - Nunca pensei que gostasses dessa música.
Eu - Gosto. Até gosto bastante.
Ela - Não gostas nada.
Eu - Gosto, gosto...
Ela - Não gostas nada.
Eu - Porque é que insistes que eu não gosto se eu estou a dizer que gosto?
Ela - Porque contigo nunca se sabe quando é que estás a falar a sério ou a brincar.
Eu - Mas eu gosto...
Ela - Mentira.

hoje apaixonei-me numa caixa multibanco

Hoje apaixonei-me numa caixa multibanco. Ela tentava levantar dinheiro e por qualquer motivo não conseguia. Insistentemente, como se a culpa fosse da vontade da máquina, tornava a colocar o cartão na ranhura. Normalmente esta atitude irrita-me. Aliás, irrita-me sempre que alguém não pense em quem está à espera atrás de si, seja numa caixa multibanco, na fila para a bilheteira do cinema ou noutro sítio qualquer. É um egoísmo inaceitável, só que é também o egoísmo da paixão (mesmo que seja uma paixão destas de cinco minutos) que me faz sentir-me o homem mais calmo do mundo.
Hoje apaixonei-me numa caixa multibanco. Comecei por aprovar a sua impaciência. Suspirava e resmungava sozinha mas duma forma tão delicada que seria impossível num homem. A espaços, aprendi de cor os seus movimentos: o bater com o calcanhar no chão, o chegar o cabelo para trás com a mão esquerda, o roer a unha vermelha do polegar direito e o olhar brusco para ambos os lados como se daí pudesse surgir ajuda.
Hoje apaixonei-me numa caixa multibanco. E a ajuda estava em mim. Aproximei-me com suavidade e perguntei o que se passava, mas ela era mesmo tão delicada que quando o meu braço lhe tocou senti-me um navio petroleiro a atracar a um cais de pequenas embarcações. E embarquei na ondulação da voz dela. Não me aparece nada onde possa levantar dinheiro, disse ela enquanto o cartão saía mais uma vez da ranhura cansada. Olhei para o ícone electrónico do monitor. Esta caixa não tem dinheiro, respondi.
Hoje apaixonei-me numa caixa multibanco. Ela foi-se... suspirando como um comboio a vapor, e eu fiquei a vê-la desaparecer numa das ruas do lusco-fusco da cidade. Ela não sabe, mas agradeço-lhe o facto de ter parado por momentos neste apeadeiro que eu sou...

mulheres que eu gostava de poder não compreender (75)



nome: Angel Locsin
origem: Filipinas
info: Nasceu em 1985. É actriz, produtora de cinema, estilista e modelo. Para além destas coisas todas também é linda que se farta. Nunca fui às Filipinas mas lembro-me de, na única viagem que fiz à Ásia até hoje, me cruzar com algumas mulheres de lá e de pensar que aquilo deve ser o paraíso. E é mesmo, basta viver lá uma mulher com estes olhos... [link]

pensamentos catatónicos (155)

É importante falar de amor. Numa relação o primeiro tabu a surgir na comunicação entre ele e ela, normalmente, é o estado em que o amor entre ambos se encontra. É normal fugir ao tema, que ninguém gosta de se enfrentar a si mesmo. O problema surge quando se descobre que não há fuga possível.

ganhe uma noiva russa



O Stil Vodka, marca neozelandesa, promete uma noiva russa a quem comprar uma garrafa. Mal vi este anúncio fui imediatamente à página oficial da marca para mandar vir umas dez garrafas mas a única coisa que estão a oferecer são.... uns chinelos, ainda por cima rascas. Parece que a promoção já passou. Gostava de saber quem é que ganhou esta...

11.15.2008

conversa 1065

Ela - Apetece-me sempre estar perto de ti.
Eu - A mim também. Mas por algum motivo as coisas não funcionam bem entre nós...
Ela - E é porquê? És capaz de me explicar?
Eu - Sou capaz de te explicar que duas pessoas gostarem uma da outra não chega. Talvez devêssemos sair de vez em quando assim na boa. Ir ao cinema, tomar um café ou beber uma cerveja mas sem pensar que a nossa vida vai mudar por causa disso.
Ela - Isso não sou capaz.
Eu - Pois. Eu gosto de pensar que, em vez de mudar a minha vida, gosto de mudar o meu presente. Hora a hora, minuto a minuto. Quando estou contigo estou bem, se não nos zangarmos por coisas imbecis.
Ela - Chamas imbecis às coisas que eu digo?
Eu - Tem calma. Já te estás a zangar.
Ela - Claro que estou. Acabas de me ofender.
Eu - Não acabo nada de te ofender.
Ela - Só falta chamares-me imbecil a mim.
Eu - Vês? Nós não podemos falar cinco minutos sobre nada. Chateamo-nos logo.
Ela - A culpa é tua.
Eu - Pronto, está bem. É minha. Não sou capaz de mais.
Ela - Vês?

parte do problema

Hoje é sábado. As pessoas andam atarefadas com coisas sem importância. Às vezes penso que o facto de se andar atarefado durante a semana de trabalho se transforma numa patologia. É por isso que ao sábado se fazem compras de forma atarefada, se toma café de forma atarefada, se almoça num shopping de forma atarefada, se conduz de forma atarefada.
Hoje é sábado. Quando olho para este formigueiro atarefado em que os centros comerciais se transformam ao fim de semana é que percebo que nós nunca nos vemos como parte de um problema, e esse é o nosso maior erro. Se a caixa multibanco nos engole o cartão a culpa é da caixa multibanco, se a menina da caixa se engana no troco a culpa é da menina da caixa, se torcemos um pé no degrau duma escada a culpa é da escada. Nunca pensamos que se calhar nos enganámos no código, que se calhar intimidámos a menina da caixa com a nossa má disposição, que se calhar tentámos subir dois degraus em vez de um.
Hoje é sábado. Nas relações também é assim. Nunca somos parte do problema. Se uma namorada nos deixa é porque não foi honesta connosco ou não percebeu o que nós temos de melhor. Nunca pensamos que as emoções são sempre honestas e que talvez lhe tenhamos mostrado o que temos de pior. Esta forma de fugir à nossa responsabilidade a cada minuto atarefa-nos. Andar atarefado é uma necessidade e um vício.
Hoje é sábado mas para mim é um dia de trabalho. Até à uma da manhã em princípio. Vou andar atarefado e depois vou procurar amigos num bar qualquer por aí, em Aveiro ou no Porto. A ver se converso um bocado e se percebo que eu sou parte integrante dos meu problemas.
Bom sábado para vocês.

11.14.2008

conversa 1064

(ao telefone)

Ela - Estou a telefonar porque queria que me dissesses outra vez como se faz arroz de polvo em tomate.
Eu - Mas... são três da manhã. Vais cozinhar polvo agora?
Ela - Não, claro que não. É para sábado.

deixa lá querida...



Não sei de que ano é esta publicidade que o pestana me enviou mas quase de certeza que foi feita entre os anos de 1945 e 1950. A mulher queimou o jantar mas o marido, tolerante e compreensivo, diz-lhe para não se preocupar porque pelo menos não queimou a cerveja. Em cima da mesa estão duas garrafas. Fiquei na dúvida se ela vai beber para esquecer que queimou o jantar ou se vai beber para esquecer a vida que tem...

conversa 1063

Ela - Estou tão farta. Um dia destes faço uma asneira.
Eu - Estás farta de quê?
Ela - Sei lá.
Eu - E que asneira é que fazes um dia destes?
Ela - Sei lá.
Eu - Assim... não te percebo e não te posso ajudar.
Ela - Olha, é disso que estou farta. Ninguém me percebe.

viagens

A viagem que aproxima emocionalmente um homem e uma mulher é sempre uma viagem distante, como se fosse da nossa parte uma viagem para uma cidade longínqua. Sabemos sempre que as cidades longínquas têm estradas, ruas, passeios, cafés, casas e fábricas. O que não conhecemos é a forma como nelas se vive. Não conhecemos à partida o seu temperamento.
Há duas maneiras de viajar para uma cidade longínqua: de comboio ou de avião. Quando vamos de avião esse temperamento é sempre um choque, independentemente de gostarmos ou não dele, porque saímos de um sítio e passado pouco tempo estamos noutro completamente diferente. Quando vamos de comboio demoramos mais, mas há um processo de adaptação ao destino final enquanto assistimos à lenta transformação da paisagem lá fora.
Uma viagem até ao mundo de outra pessoa é exactamente o mesmo. Podemos lá chegar como se fôssemos de avião e no princípio tudo nos parece novidade: cada noite de sexo, cada beijo, cada almoço ou jantar, cada conversa ou mesmo cada troca de olhares. Depois, como quando estamos a viver numa cidade há muito tempo, vamo-nos habituando ao ritmo dos dias.
Também podemos lá chegar de comboio. A primeira noite de sexo não é a melhor do mundo mas não faz mal. O sexo vai melhorando à medida que a confiança aumenta, assim como melhoram os beijos, os almoços e jantares, as conversas e as trocas de olhares.
Na minha vida já visitei cidades onde acho que gostava de viver, já visitei outras onde o deslumbramento inicial arrefeceu passado pouco tempo. Até já visitei cidades que não gostei e ponto final. Também aprendi que não somos só nós que às vezes nos fartamos duma cidade. Uma cidade também se pode cansar de nós.
Tenho viajado demasiado de avião... e sempre gostei mais de viajar de comboio.

11.13.2008

conversa 1062

Ela - Andas bem?
Eu - Ando. E tu?
Ela - Envolvi-me com um gajo. Estou a começar. Queria dizer-te isso...
Eu - E estás feliz?
Ela - Mais ou menos.
Eu - Mais ou menos?
Ela - Ele é querido e delicado... mas na cama acho que anda a precisar de ler uns manuais...

conversa 1061

Ela - A ***** é incrível. Adivinhou que eu tu já fomos prá cama...
Eu - Adivinhou como e porquê?
Ela - Adivinhou. As mulheres têm essa capacidade, sabes?
Eu - Mas porque é que ela te disse isso? Foi assim sem mais nem menos?
Ela - Pronto... fui eu que lhe disse.

bom rabo

Esta menina, brasileira de vinte anos, chama-se Melanie Fronckowiak e ganhou o concurso de rabo mais bonito do mundo, organizado pela Sloggi ontem em Paris. A ver pela fotografia, o prémio não merece contestação, mas mesmo assim um rabo não deixa de ser isso mesmo: um rabo.
Tenho alguma curiosidade sobre a importância que se dá a este concurso. Gostava, por exemplo, de saber se a Melanie vai escrever no seu curriculum vitae que tem o rabo mais bonito do mundo, entre as habilitações académicas e a experiência profissional. Também não sei, se eu fosse amigo dela, como é que lhe daria os parabéns pela vitória, já que não me imagino a dizer: "Olá Melanie, estou a telefonar para te dar os parabéns pelo teu rabo". Depois ainda há a recepção do pai: "parabéns filha! eu sempre soube que tinhas um rabo fantástico. Sais à tua mãe." Bem... independentemente destas coisas... acho justo mesmo sem ver os outros rabos concorrentes.

11.12.2008

conversa 1060

Ela - Se tu pensas que vais encontrar a mulher da tua vida assim por aí, num golpe de sorte, tira o cavalinho da chuva.
Eu - Porquê?
Ela - Já viste quantas pessoas há no mundo? Não há uma mulher da tua vida. Há é várias mulheres em quem deves investir se achares que pode dar alguma coisa. E se tiveres vontade, claro.
Eu - Percebo... várias mulheres ao mesmo tempo.
Ela - Não, não percebeste nada do que eu disse. Desisto.
Eu - Mas foi o que tu disseste.
Ela - Não foi nada. Não me faças perder a paciência.
Eu - Foi, foi.
Ela - Cala-te.

conversa 1059

Ela - Preciso de conversar com alguém.
Eu - Se eu servir... estás à vontade.
Ela - Serves, claro. Posso ir a tua casa hoje à noite?
Eu - Podes... mas só chego pouco depois da uma manhã.
Ela - Eu vou lá.
Eu - Mas o que é que se passa? Estás a preocupar-me.
Ela - Envolvi-me aí com um gajo... e preciso duma opinião masculina sobre o que está acontecer.
Eu - Mas porquê? Estás bem?
Ela - Depois conto-te. Mais um que agora não me atende o telefone...
Eu - Ah! Tem calma... é importante ter calma. Não te ponhas a conjecturar demasiado.
Ela - Não é bem conjecturar, só que deixei a minha carteira na casa dele e tenho lá o meu diário pessoal. Achas que ele vai ler?
Eu - Não o conheço... mas não me parece sequer que abra a carteira.
Ela - É que se fosse eu lia de certeza. Estou preocupadíssima...

outra vez o tamanho do pénis...

Na República Dominicana um homem enforcou-se porque tinha um pénis muito pequeno. Segundo a mãe, ele queixava-se constantemente de que as mulheres o abandonavam por esse motivo.
O senso comum associa o tamanho do pénis à masculinidade do homem, e crê-se que só com uma penetração profunda a mulher obtém o prazer total. Esta ideia é errada. A resposta vaginal não é igual em todas as mulheres mas normalmente a zona exterior da vagina até é a mais sensível e erógena. Muitas vezes, chegar insistentemente ao fim da linha até provoca dor. E não é pouca.
Por trás da questão do tamanho do pénis há toda uma indústria de aumento peniano que é uma tanga. Antes de se meterem a gastar dinheiro em técnicas que pouco mais são do que masturbação ou uma terapia com comprimidos esquisitos, o melhor é tentar conhecer bem como é sexualmente a parceira. Pode demorar um bocado mas o processo de aprendizagem é agradável.
E pronto, foi só isto que me passou pela cabeça quando li a notícia...

11.11.2008

pensamentos catatónicos (154)

O espaço que existe entre a amizade e a paixão por uma mulher bonita é sempre pantanoso. Há poucas mulheres com quem se consegue que uma relação ocasional não interfira numa relação de amizade. Há poucas mulheres com quem é possível dormir uma noite e no dia seguinte cumprimentar com dois beijos na face.

o amor sobrevive aos cheiros



Gosto de histórias de amor que sobrevivem aos pequenos inconvenientes dos dias. Esta é sem dúvida uma história dessas...

conversa 1058

Ela - Estás com um ar abatido.
Eu - Não é nada. É só por ter dormido pouco.
Ela - Eu também contribuí para isso, não?
Eu - Tu? Porquê?
Ela - Agora estou a iniciar uma relação... ainda no princípio mas estou. Vou ter menos tempo para estar contigo.
Eu - Nem sabia... ainda não me tinhas dito.
Ela - E não ficas triste?
Eu - Não. Fico feliz por ti.
Ela - A sério?
Eu - A sério... claro.
Ela - Oh!

direito de resistência

Os media exageram deliberadamente na ideia da insegurança no país. É uma forma de legitimar o controle da população pela força policial e pelo medo que ela é capaz de provocar. Os polícias portugueses esquecem-se cada vez mais que servem para proteger os cidadãos e não para os agredir. Ontem, numa escola C+S de Alfragide, um corpo de polícias energúmenos reagiu à bastonada contra miúdos de cerca de 15 anos. Segundo a notícia do JN, até uma criança de 10 anos levou uma bastonada.
Este tipo de acção da policia é indicativa do governo estúpido que temos, e nem sequer é aceitável discutir se a carga é legítima ou não. Não é. Não o seria mesmo que os referidos alunos, com idades compreendidas entre os dez e os quinze anos, se recusassem a sair das suas posições ou agredissem os agentes.
Já agora, e para os frustrados dos polícias que participaram neste acto lúdico, deixo aqui o 21º artigo da Constituição Portuguesa.

Artigo 21.º
(Direito de resistência)

Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.

conversa 1057

(ela na cozinha e eu na sala)

Ela - Onde é que tens os garfos?
Eu - Na gaveta dos talheres. Tu sabes...
Ela - Sei mas já abri e não vi nenhum...
Eu - Então é porque estão todos usados. Tens que lavar um. Vê na louça suja.
Ela - Às vezes, quando venho a tua casa, é que me apercebo porque é que não quero mais viver com nenhum homem...

na roménia sê romeno...

Na Roménia um médico amputou por erro os órgãos genitais a um doente. Agora foi condenado a um ano de prisão e a pagar ao paciente uma indemnização de meio milhão de euros. Ficou também sem licença para continuar a exercer. [link]

Também na Roménia um tipo colocou a mulher à venda num site de carros em segunda mão. No início por 10 milhões euros, mas o valor já baixou para 7500 uma vez que tem urgência em vender porque está farto de a ouvir resmungar. [link]

11.10.2008

a mãe como motor de agitação social



A Madge - Mothers Against Genetic Engineering (Mães Contra a Engenharia Genética), uma associação neozelandesa, lançou em 2007 uma campanha contra a decisão do governo daquele país que permitia o início da produção agrícola geneticamente modificada. A campanha consistiu na produção de um outdoor exibindo uma mulher com quatro mamas, ligada a uma máquina de extracção de leite.
As opiniões dividiram-se. Houve quem achasse a campanha demasiado ofensiva para as mulheres, quem a achasse oportuna e quem a achasse contraproducente. Eu não acho nada, a não ser que não simpatizo com movimentos cujo nome começa pela palavra mães. Lembram-me sempre um moralismo de tanga, tipo "eu sou mãe por isso cala-te!"
Já em 2003, um grupo chamado Mães de Bragança perseguiu brasileiras que trabalhavam em casas de alterne naquela cidade porque os seus maridos, tadinhos, chegavam a casa demasiado cansados quando saíam à noite. Gostava de saber como teria sido um cartaz feito por esse movimento...

conversa 1056

Ela - Devias ter um animal cá em casa.
Eu - Um animal?
Ela - Sim... um cão ou um gato. Um gato ainda era melhor.
Eu - Detesto animais. Enchem tudo de pêlos e dão uma trabalheira do caraças...
Ela - Como vives sozinho... fazia-te companhia.
Eu - Para que é que eu quero a companhia duma coisa de quatro patas que só pensa em comer?
Ela - Olha, já percebi. Se conheceres alguém que queira um gato, diz-me. A minha mãe tem quatro para dar...

conversa 1055

Ela - Posso dormir contigo e se depois não me apetecer ter sexo tu respeitas-me?
Eu - Podes, claro que sim.
Ela - E és capaz de dormir comigo sem fazermos amor se eu não quiser fazer?
Eu - Claro, pá. Estou farto de fazer isso. Que mania que as gajas têm de achar que os homens só pensam em sexo.
Ela - Pronto, então durmo contigo hoje.
Eu - Na boa. Claro que se não me apetecer a mim fazer amor e a ti te apetecer, também tens que respeitar isso...
Ela - Ei! Isso é que já não...

conversa 1054

Ela - Estás apaixonado?
Eu - Mais ou menos.
Ela - Mais ou menos não. Ou estás ou não estás.
Eu - Estou mas a gaja não me liga nada. Portanto estou a tentar não estar...
Ela - Quem é?
Eu - Não te digo.
Ela - Mas ela sabe?
Eu - Sabe. Pelo menos disse-lhe uma vez...
Ela - E o que é que ela disse?
Eu - Primeiro disse para eu esperar que ela ia resolver a vida dela. Eu esperei, esperei, esperei... e depois mandou-me à merda.
Ela - Hi! hi! hi!
Eu - Porque é que estás a rir?
Ela - Gosto tanto quando os homens perdem...

conversa 1053

Ela - Posso ir fazer um chá?
Eu - Claro.
Ela - Queres chá de quê?
Eu - Eu não quero. Faz só para ti...
Ela - Anda lá. Bebe um chá comigo enquanto vemos um bocadinho de televisão.
Eu - Está bem. Pode ser esse chá verde com algas e limão.
Ela - Está bem... mas vou antes fazer este de guaraná e raíz de ginseng. Estou com falta de energia...
Eu - Pronto, ok...

Verão

Lembro-me de uma vez me zangar com o Verão. Tínhamos discutido de manhã sem motivo aparente. Mais uma vez. A meio da tarde, quando me isolei numa esplanada transmontana e pedi um uísque duplo com muito gelo para me acompanhar nas palavras cruzadas, é que percebi o que se passava. As tardes quentes do Verão traziam com elas a inerente sensação de que a felicidade era fácil. Para nós não estava a ser nada fácil, e é ainda mais triste não estarmos felizes quando a felicidade circula entre nós.
"Fechar as asas para descer mais rapidamente" com quatro letras: Siar. Acabei as palavras cruzadas e siei. Desci à Terra. Foi dessa vez que me zanguei com o Verão.

11.09.2008

paixão, paixão... não vais fugir de mim

paixão à primeira vista
A paixão à primeira vista é essa mesmo. Olha-se para uma mulher pela primeira vez e imediatamente os pensamentos tornam-se descoordenados. Nesse dia é normal que à noite se arrume os sapatos no frigorífico e o pacote de leite aberto na despensa. É uma das paixões mais fortes mas, pelo menos pela minha experiência, é também uma das paixões com menor durabilidade.

paixão pela voz
A paixão pela voz... Quem é que nunca se apaixonou por uma locutora da rádio que nunca tinha visto na vida? Pois é... A voz tem uma capacidade enorme de seduzir. Claro que me refiro à voz no seu todo: intensidade, ressonância e articulação de cada timbre, mais a capacidade da inerente comunicação verbal. Creio que a esta capacidade que a voz da mulher tem de apaixonar, não é alheio o facto de nelas as cordas vocais vibrarem muito mais vezes do que nos homens, atingindo por isso frequências muito mais agudas. Aliás, são essas apaixonantes frequências agudas que depois se tornam insuportáveis quando ela se chateiam connosco...

paixão pelo tempo
A paixão pelo tempo é a minha preferida quando é correspondida (o que em mim é coisa rara). Basicamente acontece quando damos por nós a pensar, mais vezes do que é normal, numa mulher que já conhecemos há montes de tempo mas por quem nunca sentimos nada mais do que vontade de tomar um café juntos. Normalmente é a paixão mais difícil de assumir porque é também aquela de que temos mais medo que falhe...

paixão na fila do supermercado
A paixão na fila do supermercado é a paixão efémera por quem se cruza connosco neste enorme formigueiro agitado que é o mundo. Numa fila do supermercado, dos correios, das Finanças ou doutro sítio qualquer, a vida torna-se tão chata que é necessário uma paixão utópica e efémera por alguém. Normalmente, o nosso pensamento recai sobre uma mulher qualquer no local e ausenta-se assim de todo o resto. A grande vantagem desta paixão é que, apesar de não ser nunca correspondida, também não faz ninguém sofrer com isso.

paixão quem me dera
A paixão quem me dera é paixão mais irracional e estúpida que um homem pode ter, mas como de facto os homens têm-na muitas vezes não vou tornar a chamar-lhe estúpida. Estou a falar da paixão, não por uma mulher em si, mas por tudo o que uma mulher parece ser e de certeza que não é. Normalmente acontece por estrelas do cinema ou da música pop. É uma paixão merdosa esta, porque para além de ser estúpida (pronto, lá repeti o adjectivo) é uma paixão que cria muitas vezes problemas noutro tipo de paixão, porque o nosso subconsciente as compara facilmente.

paixão que não é de facto
A paixão que não é de facto surge às vezes por uma razão óbvia: um gajo não pode viver sem estar apaixonado, por isso quando não está verdadeiramente apaixonado por ninguém, inventa uma paixão à pressa, seja pela colega de trabalho, seja pela amiga que nos pede para ir lá pendurar um candeeiro na sala, seja pela vizinha. A paixão que não é de facto não é uma paixão que se deva menosprezar, até porque às vezes se transforma numa paixão pelo tempo. Outras vezes não.

50 requisitos mínimos...

Numa troca de emails, fiz uma lista dos cinquenta (coisa pouca, portanto) requisitos mínimos que anseio numa eventual namorada minha...

1]
Gostar de comer sardinha assada com pimentos verdes, com a mão, duas vezes por ano e não protestar por causa do cheiro com que se fica mesmo depois de tomar banho.
2] Gostar de Arroz de Polvo com tomate bem picante.
3] Gostar de polvo em geral.
4] Não gostar de telenovelas nem de televisão em geral a não ser de filmes tirados da internet, comprados em promoção na Fnac ou Media Markt ou alugados no clube de vídeo.
5] Não ir ao mac Donalds
6] Conseguir preencher um totoloto inteiro com as cruzinhas inteiramente dentro das quadrículas e não se gabar durante três dias por isso.
7] Comer marisco com a mão (também pode ser com o pé)
8] Gostar do quadro "o menino que chora".
9] Não escrever um verbo no pretérito perfeito do indicativo com hífen. Por exemplo, escrever sempre tiveste em vez de tives-te.
10] Conseguir ouvir a música do José Cid "Romântico Mas Não Trôpego", pelo menos três vezes por dia num mínimo de dezoito dias por mês em onze meses por ano (o mês de férias não é necessário)
11] Ter vontade de ir a Oslo mas nunca lá ir.
12] Não se importar de ter livros marcados numa página ao lado da sanita.
13] Saber quem é o Sandokan.
14] Na praia, não sacudir a toalha cheia de areia para cima dos outros.
15] Gostar de vinho tinto, uísque bushmills, cerveja de pressão, sumol de laranja e chá de algas.
16] Nunca ter votado no PS ou no PSD. No Cds-Pp pode ser porque gosto de pessoas loucas.
17] Conseguir tocar com a ponta do dedo indicador esquerdo na ponta do indicador direito atrás das costas.
18] Rir com o vídeo dos Gato Fedorento chamado "Da Cintura Para Cima": http://www.youtube.com/watch?v=BfF0QGYx0R4
19] Não acreditar que o Barak Obama vai salvar o mundo.
20] Ter um projecto de vida conjunto em que se poupa moedas num porquinho para um dia mais tarde fazer uma viagem a Palau, na Micronésia. Nessa viagem ter pelo menos uma discussão do tipo marido/mulher sobre o restaurante a escolher numa sexta-feira à noite.
21] Nao matar mosquitos directamente na parede, de forma a que o sangue fique lá durante meses.
22] Saber fazer caipirinhas (as minhas saem sempre mal)
23] Saber gravar cd's e dvd's (eu já não aguento mais gravar coisas para terceiros)
24] Não se chatear quando o parceiro não repara que foi ao cabeleireiro.
25] Se for loira não pintar as raízes dos cabelos de preto.
26] Se for preta não pintar o cabelo de loiro.
27] Se for morena não pintar o cabelo de vermelho.
28] Não gostar do Cristiano Ronaldo.
29] Não ser do Benfica.
30] Não roubar sacos de plástico nos supermercados.
31] Não usar meias brancas com raquetes.
32] Ao Domingo não ficar deprimida (nos outros dias pode mas ao Domingo não porque fico eu)
33] Nunca ter usado uma pulseira Tucson's nem ter tirado uma fotografia ao lado do António Sala.
34] Não ouvir Guns And Roses
35] Não limpar a parte interior dos dedos dos pés com os dedos das mãos enquanto está a jogar Civilzation IV
36] Gostar de jogar Civilization IV.
37] Não ter lido livros de auto-ajuda.
38] Não praticar Reiki nem acreditar que pode tirar as dores de cabeça a uma pessoa através da meditação.
39] Não se importar que o parceiro, num acto de desespero, vá a Sortelha comprar figos.
40] Não ter gatos nem cães.
41] Não contar piadas racistas.
42] Não andar sempre a fazer dietas nem achar que está horrivelmente gorda todos os dias.
43] Não ter uma tatuagem que seja uma letra chinesa que quer dizer uma palermice qualquer.
44] Não comprar telemóveis a não ser quando precisa mesmo.
45] Se for divorciada, não me obrigar a ver filmes dos seus casamentos anteriores.
46] Não comprar prendas no Natal
47] Não gritar "bate-me, bate-me, bate-me" durante o acto sexual.
48] Nunca meter o parceiro em programas de televisão tipo "O Momento da Verdade"
49] Gostar de dormir treze horas seguidas.
50] Ser ateia.

11.07.2008

conversa 1052

Eu (assoo-me)
Ela - Não tens lenços de papel?
Eu - Não. Tenho guardanapos de cozinha.
Ela - É mesmo coisa de homem.
Eu - Um guardanapo de cozinha é a mesma coisa que um lenço de papel.
Ela - Não é nada.
Eu - É, é.
Ela - Não é nada.
Eu - Qual é a diferença?
Ela - Um lenço de papel é para te assoares, um guardanapo é para limpares a boca durante as refeições.

uma luta

Chegou a cadeira para trás levantando-a milimetricamente do chão para não fazer barulho. Depois sentou-se com a mesma brandura com que as estrelas dos mar se agarram às rochas. Silenciosa mas decididamente. Aliás, nela tudo era silêncio, e de repente pareceu-me haver uma conspiração das coisas dela para que se criasse o silêncio absoluto. O isqueiro não fez barulho quando lhe acendeu o cigarro, nem as chaves que pousou em cima da mesa, nem o porta-moedas que abriu e fechou duas vezes. Nessa ausência de ruído todos os meus movimentos se tornaram tempestades. O copo de uísque ao pousar na mesa, a minha cadeira que chiava e até o meu nariz ainda levemente constipado.
Era a luta do silêncio contra o ruído, uma luta que surge sempre quando as pessoas se tornam incompatíveis mas ainda não se aperceberam disso. Era também sábado de tarde e tínhamos o dia pela frente. Disse-lhe que precisava de ir tratar dum assunto e que talvez lhe ligasse à noite. Ela abanou afirmativamente a cabeça novamente sem qualquer som. Eu deixei as moedas para os cafés em cima da mesa e afastei-me. Não tinha assunto nenhum para tratar e ela sabia disso. Acho que foi um alívio para ambos.

11.06.2008

a mamani passará



Hoje é noite de Couscous Prosjekt no melhor bar do mundo. A propósito, a Mamani keita também vai passar por lá...

conversa 1051

Ela - Temos que nos decidir a deixar de só falar, só falar, só falar...
Eu - Quem? Eu e tu?
Ela - Não sejas simplório. A humanidade, estou a falar da humanidade...
Eu - Ok, até pensei nisso, mas como não acho que a humanidade se limite a falar...
Ela - Mas aquilo que fizermos hoje ecoa para toda a eternidade... é onde quero chegar.
Eu - Isso quer dizer que vamos dormir juntos ou não?
Ela - Não... sei lá. Não, não vamos.
Eu - Só falas, só falas, só falas...

o poder político na ponta da espingarda

Este cartaz chinês de 1973 mostra duas mulheres soldado empunhando as armas duma forma ofensiva. A mulher é uma presença constante nas campanhas de estado do período maoísta, mas é interessante ver como até à Revolução Cultural Chinesa do fim dos anos sessenta aparece quase sempre como trabalhadora e só depois começa a aparecer como militar. Iniciada pela Guarda Vermelha, a Revolução Cultural Chinesa fortaleceu Mao Tse Tung e afastou os revisionistas do poder. Mao investiu então ainda mais neste tipo de divulgação gráfica do que para si devia ser o socialismo. Este cartaz é assim próprio de quem achava que o poder político está na ponta da espingarda.
Quem gostar destas coisas (eu gosto) pode ver montes de cartazes maoístas aqui...

conversa 1050

Ela - Antes de ti, só uma vez é que fui conhecer pessoalmente um gajo que já conhecia da net...
Eu - E então?
Ela - Foi horrível. Foi uma decepção. O gajo era giro mas era burro... mesmo burro.
Eu - Mas... espera aí. Eu também te conheci primeiro na internet. Não fui uma decepção?
Ela - Não foste uma decepção, não, mas de ti também não esperava grande coisa...

conversa 1049

Ela - Estás cheio de ramela nos olhos.
Eu - Eu sei. Estou gripado e dormi mal. É por isso.
Ela - Não é nada por isso. É porque não lavaste a cara. Por causa da gripe estás é todo fanhoso também...

e para acabar de vez com a cultura...

E também porque está quase, quase... aproveito para dizer que este blogue vai dar um livro. Aliás, o livro mais importante de sempre em Portugal desde a publicação do livro de leitura da terceira classe em 1958.
Depois disto, para arranjar uma namorada, terei provavelmente que emigrar para Aruba (onde por acaso até há montes de mulheres bonitas) ou para uma ilha qualquer da Micronésia.
O livro, embora desenhadas, tem gajas boas e incompreensíveis na capa, e fará parte da colecção Alta Tensão da Ulisseia.
É um livro a brincar e a sério ao mesmo tempo, como todas as deliciosas incompreensões que vamos tendo na vida. E como isto se deve a vocês, que passam por aqui todos os dias e me vão dando ânimo para escrever, o meu obrigado. Mas não é um obrigado daqueles moles tipo quando nos deixam passar à frente na fila do supermercado. É mesmo um obrigado daqueles grandes. Oportunamente darei mais informações...

11.05.2008

Omer Goldman Granot

O jornal Público publica hoje uma reportagem sobre Omer Goldman, uma mulher israelita de 19 anos que se recusa a integrar as Forças de Defesa de Israel apesar do seu pai ter sido o número dois da Mossad. Por causa disso está presa. Diz que ficará muito feliz se lhe escreverem. Eu vou fazê-lo... não para a elogiar mas para lhe agradecer. A morada está no fim. Não imaginam a admiração que eu tenho por ela...

O meu pai é Natalin Granot, um especialista em Irão que se demitiu de “número dois” da Mossad, em 2007, quando não o promoveram a chefe da principal agência de espionagem de Israel. Eu, Omer Goldman, 19 anos, sou uma pacifista e, hoje, regresso à prisão nº 400, numa base militar próxima de Telavive. Recuso-me a servir num exército que comete, todos os dias, crimes de guerra nos territórios palestinianos ocupados. Fui recrutada para o serviço militar obrigatório aos 18 anos, mas já no liceu eu decidira que não queria ir para a tropa. Assim que deixei a escola, e antes de me inscrever na faculdade, dei aulas a crianças pobres num bairro de judeus etíopes. Quando me chamaram, entreguei uma declaração aos oficiais onde afirmava: “Recuso alistar-me nas Forças de Defesa de Israel (IDF). Não farei parte deste exército que, desnecessariamente, pratica actos de violência e viola os mais básicos direitos humanos.” No dia 23 de Setembro, sem ter sido julgada, fui cumprir 21 dias de detenção. Fui libertada a 10 de Outubro, mas voltei para um segundo período, desta vez apenas de 14 dias, porque fiquei doente. Saí novamente em liberdade, na sexta-feira, dia 30 de Outubro. Estes ciclos irão repetir-se até que o exército se canse, porque eu não vou desistir.

Omer Granot
Military ID 5398532
Military Prison nº 400
Military Postal Code 02447, IDF
Israel

pensamentos catatónicos (153)

Há duas formas de dar a mão a uma mulher. Uma em que nos aproximamos dela, outra em que a tentamos aprisionar. Às vezes é possível perceber de que forma um casal que não conhecemos de lado nenhum está a dar as mãos...

lembro-me dela no Inverno

Lembro-me dela no Inverno. Logo pela manhã, aquecíamos os dedos nas chávenas escaldadas do café e raramente nos cumprimentávamos. Uma vez perguntámo-nos porquê. Eu disse-lhe que gostava dela, e que por isso precisava que fosse ela a primeira a dizer-me bom dia ou outra coisa qualquer. Ela sorriu. Foi assim que descobrimos que gostávamos um do outro.
Lembro-me dela no Inverno. Nessa manhã virámos à esquerda em vez de virarmos à direita. Não fomos às aulas. Esquadrinhámos uma avenida onde acabara de chover, desviando-nos dos pingos que caíam da ponta das varetas dos guarda-chuvas ainda abertos e molhados. Aproveitei esse jogo para lhe dar a mão. Talvez o fim da chuva fosse também o fim do choro ansioso de dois adolescentes. E foi.
Lembro-me dela no Inverno. Espremíamos dos dias a descomunal sensatez de sorrir a todas as horas e todos os minutos. E foi assim, a sorrir, que a vi passar do lado de fora dum café onde só eu aquecia os dedos de manhã. Acho que não a via há vinte anos. Corri para a porta e chamei-a. Ela ia acompanhada, de braço dado a um homem que olhou para mim e depois para o chão. Disse-me adeus e os dois afastaram-se. Ela ainda olhou para trás, uma e outra vez antes de dobrar a esquina.

conversa 1048

(no meu carro, em frente a casa dela, às quatro da manhã)

Ela - Ei... não acredito. Esqueci-me das chaves de casa.
Eu - Dormes em minha casa. Não há problema.
Ela - Não. Para isso durmo na dos meu pais.
Eu - Pronto, ok. Eu levo-te lá, então.
Ela - Espera... mas eu não posso acordar os meu pais a esta hora.
Eu - Então... não percebo.
Ela - O meu pai levanta-se às sete. Podemos fazer tempo.
Eu - Eu não vou fazer tempo nenhum... vou para casa. Se quiseres vir podes vir.
Ela - Não sei.
Eu - Tens medo de mim?
Ela - Não, medo não tenho.
Eu - E se eu te disser assim? Podes dormir em minha casa que eu tenho uma cama a mais.
Ela - Pronto, está bem...

conversa 1047

Ela - Gastei demasiado tempo com ele. Foi muita energia gasta num amor que não deu nada...
Eu - Pois... percebo.
Ela - Foi pena não ter investido em ti, por exemplo.
Eu - Não foi pena. Gostavas dele por isso é natural que te tenhas dedicado a ele e não a mim ou a outra pessoa.
Ela - Sim... mas tu sempre tens um arzinho mais fácil.

11.04.2008

poliamor, the final cut

A propósito deste pequeno post sobre o poliamor, a Ana, responsável pela divulgação do movimento no nosso país, passou por aqui e deixou este e este link com mais informação. Obrigado Ana

conversa 1046

Ela - Um dias destes vou à casa da mulher do meu marido e ponho os pontos nos is...
Eu - A casa da mulher do teu marido?
Ela - Sim.
Eu - Ah!
Ela - Porquê? Não percebeste?
Eu - Percebi tudo, percebi tudo...

alguma raiva em silêncio

Hoje vi um homem a dizer à mulher, cheio de orgulho e com um ar triunfante: o senhor está à espera, se fosse lá em casa levavas já duas lambadas. O senhor era eu, que estava mesmo atrás deles à espera que ela escolhesse um pastel na pastelaria Bom Gosto, em Aveiro. Ela estava indecisa e por isso demorou um pouco mais do que o normal. Do lado de lá do balcão, a empregada olhou para ele zangada. Reparei que engoliu alguma raiva em silêncio. Eu disse-lhe para não se preocupar, que eu costumo demorar muito mais tempo a escolher um pastel. Mesmo muito mais tempo... insisti. Depois também engoli alguma raiva em silêncio.
Sentei-me a tomar o pequeno-almoço enquanto lia o jornal. Durante cerca de vinte minutos ela não disse uma única palavra. Só ele é que falou e sempre para a humilhar em público. Estão fartos um do outro e o gajo é um parvalhão. Gostava que ele lesse isto mas não o vai fazer quase de certeza, mas gostava que ele lesse que é um parvalhão. Eu também sou... que não me devia limitar a engolir alguma raiva em silêncio.

às vezes tenho saudades de alguns pequenos momentos da minha vida...

Há pequenas coisas que nos acontecem no dia-a-dia que desenterram memórias escavadas no fundo da memória. Às vezes tenho saudades de alguns pequenos momentos da minha vida...

1] Estava a fazer a barba e cortei-me. Foi um golpe grande e o sangue pintalgou imediatamente o lavatório. Embebi um bocado de papel higiénico em água oxigenada e colei-o à face para estancar o sangue. Foi o meu avô paterno que me ensinou a fazer isto, há cerca de 25 anos atrás.

2] Estrelei um ovo para o almoço. Deixei alguns pedaços de casca caírem na frigideira. Uma das primeiras vezes que cozinhei com a minha ex-companheira aconteceu-me exactamente o mesmo. Nesse dia, há dezanove anos, ela pegou num garfo e retirou delicadamente pedaço a pedaço enquanto o ovo estrelava. Hoje fui eu que fiz isso.

3] De manhã estava com pressa a atar os atacadores dos sapatos e um deles partiu-se. Para não perder muito tempo, dei um nó entre ambas as partes e acabei de me calçar. A primeira vez que dormi na casa da minha primeira namorada, há vinte e um anos, num fim de semana em que os pais dela estavam fora, aconteceu-me exactamente o mesmo.

conversa 1045

(ao telefone)

Ela - Passa-se alguma coisa?
Eu - Alguma coisa como?
Ela - Achei estranho não me telefonares durante tanto tempo...
Eu - É verdade que tenho andado ocupado, sim. meto-me em tudo e depois não tenho tempo para nada... mas tu sabes muito bem que me podes telefonar sempre que quiseres...
Ela - Ah! Habituei-me a que fosses tu a telefonar.

pela boca morre o peixe

Um desses palermas de extrema-direita, fundador do PNR em Sintra, explorava 30 mulheres em quatro bordéis em Lisboa, com a ajuda de duas imigrantes ilegais que vigiavam os horários das prostitutas. [link]

5 dias, 5 canções

Esta semana, no blogue som com fartura, as cinco canções dos cinco dias da semana são escolhidas por mim. Agradeço ao sobrevivente a lembrança.

11.03.2008

aprendizagem a espaços

Quando estamos sem uma relação assumida durante anos vamos aprendendo a viver sozinhos. Com o tempo já sabemos como controlar os dias. Sabemos, por exemplo, quando devemos sair e estar com pessoas e sabemos quando devemos ficar em casa a ouvir música ou ler um livro. É como se houvesse alguns espaços por preencher e nós nos habituássemos a preencher sempre os espaços certos, estando com este amigo ou com o outro, indo a este bar ou ao cinema...
Quando iniciamos uma relação o processo de aprendizagem é sempre mais difícil, principalmente porque os espaços que temos para ocupar já não estão sempre disponíveis. Além disso há alguém que nos diz para ocupar este espaço em vez daquele. Nós acabamos por fazer o mesmo.
Gostava de encontrar alguém com quem não tivesse que passar por esta fase de aprendizagem a espaços... mas não acho possível.

conversa 1044

Ela - Tu não és bonito nem feio...
Eu - Tu és bonita. A sério que sim... só andas um bocadinho... alterada.
Ela - O que mais me atrai em ti são os teu braços...
Eu - Os braços?
Ela - Sim, são grandes. Tens um abraço grande... e...
Eu - E o quê?
Ela - E mais não sei... mas se continuamos a beber esta garrafa de Bushmills até ao fim já não é hoje que vou saber.
Eu - Tarde demais. A garrafa já chegou mesmo ao fim.
Ela - O quê? Bebemos uma garrafa de uísque inteira?
Eu - Sim... quer dizer, para ser sincero acho que tu bebeste dois terços...
Ela - E agora?
Eu - Agora não há mais...

conversa 1043

Ela - As últimas vezes que fui para a cama com o meu ex-marido já não era com ele que eu ia...
Eu - Era com quem?
Ela - Era contigo...
Eu - Tem piada. Nunca senti nada...
Ela - Pois não. Não sentiste porque já te disse que és uma espécie de invisual no amor...
Eu - Até posso ser invisual no amor, mas quando vou para a cama com uma mulher costumo saber com quem vou...
Ela - Oh! Fode-te!

conversa 1042

Ela - Acho que o nosso coração é uma espécie de olho invisível...
Eu - Olho invisível?
Ela - Sim... é ele que vê por quem nos devemos ou não apaixonar.
Eu - Ah! é gira, essa ideia.
Ela - Claro que também nesse olho invisível há gajos que são invisuais. Tu por exemplo... só te apaixonas por quem não deves.

coisas que fascinam (74)

Rapid Eye Movement é uma fase do sono em que os olhos se movem bastante. É nesta fase, também conhecida por REM (que deu origem ao nome da banda de Michael Stipe) que sonhamos mais.
Quando somos meros transeuntes numa cidade, os nossos olhos também se movem bastante, só que para se desviarem dos olhares dos outros. Não nos apercebemos disso mas, durante um dia, somos capazes de tocar com os nossos olhos o olhar dos outros talvez centenas de vezes. Estava a perguntar a mim mesmo se não será durante esse REM que mais sonhamos também, só que acordados. Até que um dia o olhar não se desvie.